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Mulheres, mães e mãos à obra

Elena VeríssimoMaio de 2022

Em meio a risadas, um grupo de mais de dez mulheres se reveza para chapiscar uma parede pela primeira vez. O chapisco, uma mistura de cimento, areia e água, voa longe, inclusive em cima desta que vos fala. Não tem problema; o importante é praticar, botar a mão na massa.

O episódio aconteceu durante uma aula prática do projeto Mães à Obra — idealizado por Adriana Horacio, em parceria com Rose Borges, ambas moradoras do Morro do Preventório. Elas estão toda terça-feira no Espaço da Sete (CRAS) para recepcionar mães e mulheres que desejam construir, com as próprias mãos, suas casas.

Alunas do projeto em uma das aulas da Adriana

O projeto nasceu de um sonho da Adriana, que reconhece a importância que os lares têm na vida das mães. Não somente é um lugar que representa e comporta o afeto à família, mas também é onde se garante a proteção das vidas das pessoas que ali residem.

Desde o dia 8 de março, dia da inauguração do curso, as mães têm aprendido técnicas para construir e decorar suas próprias residências. Rose, que tem um foco maior no ecodesign — concepção em que o reaproveitamento e a reutilização reinam nas produções de decoração —, compartilha seus conhecimentos, junto com Adriana, em aulas alternadas. As temáticas dos encontros variam de acordo com as especialidades de cada uma das professoras — Adriana, na construção civil, e Rose, na decoração e acabamentos.

Alunas do projeto em uma das aulas da Rose

A mistura leva acolhimento e alegria às alunas todas as semanas, que podem participar do curso de forma gratuita. A ideia é justamente alcançar mães que não têm condições financeiras para custear um curso especializado ou mesmo que não podem desacompanhar seus filhos. As crianças são sempre bem-vindas, pois nem sempre as alunas-mães têm parentes, creche ou a escola à disposição para cuidar deles.

Nesse sentido, o cuidado é um pilar importante no Mães à Obra. Diferente de outros cursos oferecidos em instituições de ensino, o projeto entende que a escuta é uma ferramenta primordial para acolher mães e entender suas dificuldades. O momento da aula não é só de aprendizado, mas também de troca e gratidão.

Mulheres do projeto Mães à Obra, Dona Sônia (mural), Dona Graça (mural), Elena e Alê.

Adriana e Rose sempre encerram as aulas com um sorriso no rosto. A animação das alunas é um dos maiores combustíveis para preparar as aulas seguintes. E é assim que o curso Mães à Obra vai se moldando, seguindo os passos que Dona Graça, fundadora do Banco Comunitário do Preventório, deixou como mantra: devagarinho e cuidando das pessoas.